top of page

Carta do Gestor - Setembro de 2024.

Foto do escritor: André GordonAndré Gordon

Prezados cotistas,


O mês de Setembro foi bastante movimentado. O IBOVESPA caiu 3,08% na contramão das principais bolsas Norte-Americanas, com o S&P 500 subindo 2,02% e o Nasdaq 2,48%. Nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD tiveram quedas menores que o índice, de 2,44%, 2,40% e 1,67%, respectivamente. O Dólar se depreciou 0,9% em relação a cesta de moedas e 2,8% em relação ao Real.


Enquanto o FED finalmente iniciou o ciclo de corte na Taxa Básica de Juros, em 0,5%, para 5%, no Brasil o Banco Central foi na direção contrária, com alta de 0,25% para 10,75% ao ano. E se por lá o FED iniciou com corte de 50bps, mas já sinalizando que os próximos cortes devem ser de 0,25%, o nosso BC parece ter tido maior dificuldade com a comunicação. Quando o mercado chegou a precificar 3 elevações de 0,25%, a ata da última reunião deixou claro que há uma assimetria pendendo para um maior risco inflacionário, o que levou o mercado a trabalhar com mais 2 elevações de 0,5% para as reuniões remanescentes deste ano.


A inflação nos EUA segue perdendo força, apesar do núcleo do CPI seguir ainda acima dos 2% pretendidos pelo FED. O risco de um hard landing, entretanto, parece mais distante. O banco central chinês (PBOC) seguiu com medidas de estímulo ao consumo, cortando taxas de juros e sinalizando mais cortes até o final do ano. Essas medidas melhoraram a dinâmica da maioria das commodities, principalmente o minério de ferro e o alumínio, ambas tendo se valorizado em mais de 8% no mês. O Índice CRB (Commodities) terminou o mês com alta leve, em função da queda de 7,3% no preço do petróleo, que reagiu a posição da Arábia Saudita na última reunião, mostrando menor preocupação com o nível de preços do barril.


O conflito no Oriente Médio, entretanto, pode escalar para o Irã, elevando o risco de uma redução mais substantiva na oferta da commodity. Após quase um ano recebendo foguetes lançados do Líbano para o norte do país, as Forças de Defesa de Israel (IDF) obtiveram êxito militar ao neutralizar toda a cúpula do grupo terrorista Hezbollah, inclusive seu líder, Hassan Nasrallah. O Irã prometeu que atacaria Israel, o que foi feito através do disparo de mais de 200 mísseis balísticos, sem que tivessem causado maiores danos à Israel. Como na maioria dos conflitos complexos, sabemos como eles começam, mas temos muita dificuldade em saber como ou quando acabarão.


Nas próximas semanas as eleições Norte-Americanas devem ganhar importância, cujo resultado ainda é imprevisível, com a maioria dos institutos de pesquisa dando vitória apertada para Kamala Harris. A depender dos resultados, saberemos se os EUA voltarão a ser um protagonista mais decisivo nos principais conflitos de hoje, com a vitória de Donald Trump, ou se a tendência que ganhou corpo durante o governo Biden permanecerá, deixando um “vácuo de poder” a ser ocupado.


E se nos EUA ainda há dúvidas em relação tanto em relação à desinflação quanto à desaceleração, no Brasil o mercado de trabalho segue aquecido, com a taxa de desemprego atingindo 6,6%, menor nível desde dezembro de 2014, assim como a atividade segue se expandindo, com o PIB do 2º Tri de 2024 tendo crescido 1,4%.  O mercado de trabalho mais apertado e o nivel de atividade surpreendendo positivamente fizeram com que tanto os indicadores de inflação, quanto suas expectativas futuras voltassem a subir.


O Banco Central Brasileiro sinalizou que a queda de preços do petróleo e o início da alta de juros não foram suficientes para compensar os impactos da atividade mais forte, da depreciação cambial ao longo do ano e da desancoragem das expectativas de inflação. Apesar de ter havido uma reversão na trajetória de alta, a inflação futura ainda segue acima das metas no Cenário de referência do BC.


O mercado já trabalha com um aperto monetário dentro de um ciclo mais longo de queda nas taxas de juros, provocado, principalmente, por uma Política Fiscal Expansionista e que, na prática, se mostra bem menos responsável do que na teoria. Não diria que estamos sob “luz vermelha”, mas certamente há uma luz amarela e que começou a piscar com maior intensidade. Está claro, por hora, que a equipe que comanda a Fazenda não tende a tomar nenhuma medida irresponsável, mas oferecem o mínimo e não o desejável para que tenhamos um horizonte mais previsível, deixando o país mais exposto aos riscos externos.


As empresas de commodities foram o destaque de nosso portfólio neste mês. Vale, Gerdau e CBA tiveram altas entre 4,4% e 10%, reagindo à elevação de preços das commodities por elas produzida. Já a Brava Energia, empresa resultante da fusão entre a Enauta e a 3R reagiu negativamente à queda de 7% no preço do barril de petróleo, potencializada pela paralização da produção no campo de Papa Terra, com previsão de retomada para Dezembro. As ações da empresa perderam um terço de seu valor em Setembro e subtraíram 0,8% de nosso resultado.


Seguimos construtivos com nossa exposição em Empresas produtoras de commodities, que tendem a se beneficiar da combinação de uma retomada de atividade na China, com o início do ciclo de queda de Juros nos EUA. Já no mercado doméstico, temos exposição às empresas voltadas a atividade interna, cuja operações são menos sensíveis ao ciclo econômico.



Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

 

Atenciosamente,

André Gordon.

Comments


© Todos os direitos reservados para GTI Administração de Recursos LTDA.

bottom of page