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Foto do escritorAndré Gordon

Carta do Gestor - Outubro de 2023

Prezados cotistas,


No mês de outubro, o S&P 500 caiu 2,2% e o Nasdaq 2,1%. O Ibovespa caiu 2,94%, puxado pela performance das empresas mais voltadas a atividade doméstica. Nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD tiveram quedas de 6,4%, 6,7% e 5,8%, respectivamente. O dólar teve nova valorização, de 0,46% em relação a cesta de moedas, mas estável em relação ao Real.


Foi um mês bastante negativo, novamente afetado por fatores externos, potencializados pelos domésticos. Houve pressão sobre a curva de juros norte-americana devido a percepção de que, ainda que não haja uma nova elevação na taxa básica de juros, ela permanecerá elevada por um período mais longo. Assistimos os títulos de 10 anos sendo negociados com yield de 5% ao ano e com isso uma nova rodada de apreciação do dólar.


No âmbito doméstico, os estimadores de inflação permaneceram comportados, apesar da elevação no preço do diesel, parcialmente compensada pelo corte na gasolina. Os sinais da atividade mostram algum enfraquecimento, refletindo a combinação de juros altos com algumas expectativas negativas, alimentadas pelo risco da reforma tributária. Esses fatores conspirariam a favor de uma aceleração na velocidade de queda de juros, não fosse a baixa credibilidade quanto ao ajuste fiscal. O Presidente Lula declarou, publicamente, que dificilmente o equilíbrio primário prometido pelo Ministro da Fazenda, seria entregue em 2024. Disse que não irá cortar as despesas e investimentos. Levando o comentário do Presidente como uma desistência prematura em cumprir com os compromissos assumidos junto aos Congressistas e sociedade, poderíamos constatar que o arcabouço fiscal que ainda nem terminou de passar por todas as etapas de tramitação de destaques já estaria sendo descartado de antemão.


Em 7 de outubro, o grupo terrorista Hamas, que controla a faixa de Gaza, promoveu o maior ataque a Israelenses num único dia desde a Guerra do Yom Kippur em 1973. 1400 Israelenses foram assassinados neste dia, incluindo idosos e crianças, além de centenas de jovens que estavam num festival de música. Esse ataque selvagem, e que nos remete às piores memórias do nazismo ou do Estado Islâmico, levou o Governo Israelense a declarar guerra contra o Hamas, na Faixa de Gaza.


Acreditamos que esta guerra deve ser mais longa que as guerras típicas de Israel, culminando com a ocupação transitória da Faixa de Gaza e posterior transferência de poder para algum grupo não associado ao terrorismo. Isso só ocorrerá após o desmantelamento total do grupo Hamas. A tendência é que as pressões contra a defesa que vem sendo promovida por Israel aumentem, mas nos parece que ir até o fim, desta vez, é imperativo, sob o risco de adiar o conflito para uma nova e futura etapa, ainda mais sangrenta.


Há, entretanto, um risco de escalada no conflito, deixando de ser local para contemplar o envolvimento de outras nações. O Irã já ameaça atacar Israel e utiliza os guerrilheiros do Hezbollah, a partir do Líbano e os Houthis, a partir do Iêmen. Os EUA já enviaram dois de seus principais porta-aviões para o Mar Mediterrâneo, alertando o Irã de que está apoiando Israel. A Rússia comemora o desvio de foco das principais nações do conflito na Ucrânia para o Oriente Médio, enquanto a China oferece armas ao Irã e observa as reações diversas das nações a ocupações militares. Não é preciso dizer que o risco de envolvimento do Irã ameaça a principal área produtora de petróleo no mundo, o que ajuda a manter o preço do petróleo pressionado, apesar da atividade econômica mais fraca.


Neste mês, as empresas voltadas às atividades domésticas tiveram desempenho bastante negativo, principalmente aquelas voltadas ao varejo e empresas com maior endividamento. Uma das principais responsáveis pelo nosso desempenho negativo foram as ações da Ambipar, com queda de 34%. A empresa anunciou um aumento de capital em meio a este cenário volátil, que além de 26% de emissão prioritária de ações, contemplava um hot issue de mesma magnitude. Apesar do compromisso do acionista controlador com aproximadamente 2/3 da oferta, o mercado reagiu mal. Passada a oferta, que levantou em torno de 80% do máximo de recursos pretendidos, o endividamento líquido da empresa deve cair para a faixa entre 2 e 2,5 vezes a geração de caixa operacional.


Outro grande detrator de performance foram as ações da Simpar (queda de 22% no mês). Ao analisarmos essa queda, podemos traçar uma analogia com a performance das ações da Ambipar.


Por fim, o processo de queda na taxa Selic seguiu com corte de 0,50 pp em 1/11, mas com o COPOM mostrando preocupações com a ancoragem apenas parcial em relação às expectativas de inflação. Nós acreditamos que ao menos para as próximas reuniões, esse ritmo de corte tende a ser mantido.


Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA


Atenciosamente,

André Gordon.

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