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Carta do Gestor - Outubro de 2022

Prezados cotistas,


Outubro teve uma recuperação importante nos principais mercados. Sinais de que a inflação já possa ter atingido seu pico, aliviaram as pressões sobre a curva de juros. O S&P500 subiu 7,99% enquanto o Dow Jones 13,95%. O Ibovespa teve alta de 5,45% enquanto o Real se apreciou 4,3%. Nossos fundos tiveram um desempenho um pouco aquém, com o GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD fechando com altas de 4,92%, 5,06% e 5,33%, respectivamente.


Os indicadores econômicos seguem apontando para um importante recuo nos índices de preços e contínua geração de novos postos de trabalho. A taxa de desemprego atingiu seu menor nível desde o governo Dilma, chegando a 8,7%. Diante deste cenário, o BCB manteve a taxa Selic em 13,75%. Acreditamos que a convergência das expectativas de inflação para as metas de 2023 e 2024 abrirão espaço para a redução da taxa Selic.


Depois de um longo e tumultuado período eleitoral, que foi iniciado ainda em 2021 com a apresentação de diversos candidatos, as eleições em 30 de outubro confirmaram a vitória do candidato do PT sobre o atual presidente, por uma margem estreita, 50,9% a 49,1%.


A pergunta que fica agora é qual o caminho que o governo do PT pretende seguir. Nos próximos 2 meses teremos uma ideia mais clara, já que enquanto candidato, Lula preferiu não sinalizar nomes para preencher seus Ministérios. Sabemos que a aliança que se formou em torno dele exigirá recompensas e que devem levar à criação de novos Ministérios. Sabemos também que o candidato se comprometeu com a manutenção do auxílio Brasil em R$ 600 e que não contará com a venda de estatais. O BCB é independente e seu Time com a atual composição ainda tem 2 anos de mandato. Eventuais sinais que possam ir em direção contrária ao teto de gastos ou a um aumento da relação entre dívida e PIB podem postergar a redução na taxa Selic.


O cenário mais otimista seria a indicação de um nome como o ex-Ministro Henrique Meirelles, criador do “Teto de Gastos”. Seria uma sinalização bastante positiva aos mercados, mas certamente desagradará bastante a base do Lula, por isso temos certo ceticismo. Acreditamos ser mais provável a indicação de um político mais próximo, como por exemplo Fernando Haddad e que poderia ter maior trânsito junto a economistas que acenaram positivamente à campanha de Lula. Seria um sinal preocupante a indicação de um nome ainda mais heterodoxo. Poderia comprometer a largada, que já encontrará um ambiente externo mais desafiador e, desta forma, ter um efeito parecido com o que houve no governo Dilma.


Lembramos sempre que Lula obteve certo êxito em seu primeiro mandato por combinar certa disciplina fiscal, manutenção do arcabouço herdado e maior ciclo positivo em commodities, que muito nos favoreceu. Hoje a situação é diferente. Apesar de poder colher diversos frutos deixados pelo governo Bolsonaro, entre os quais, a reforma da previdência, Lei da Liberdade Econômica, Estatais saneadas, muitas privatizadas, marco legal das ferrovias, Lei do Gás, do Saneamento entre outras, que trarão algumas centenas de bilhões em investimentos para os próximos anos, seu governo será iniciado em meio a uma recessão nas principais economias do planeta.


Apesar de considerar a Petrobrás como um dos ativos mais interessantes do momento, reduzimos nossa posição passivamente, ao não reinvestir os dividendos pagos e, após as eleições fizemos mais um pequeno ajuste até que fique mais claro quais serão as novas diretrizes para a Empresa. Acreditamos que o risco de novos esquemas de corrupção é menor do que no passado recente, mas não se pode descartar que o momento de combate à corrupção pode perder intensidade. A empresa deve interromper o processo de venda de ativos, mas creio que teria muita dificuldade para alterar de forma relevante a política de preços para os derivados. Não seria estranho que anunciassem novos investimentos em “energia renovável”, ainda que as taxas de retorno fossem bem inferiores aos projetos que há no portfólio. Estaremos atentos. De qualquer forma esperamos mais 7% a 10% de dividendos ainda para este ano.


No mais, nosso portfólio segue exposto nos setores de commodities, logística, consumo menos discricionário e industriais, além de algumas empresas que tendem a ser relativamente menos dependentes da atividade doméstica. Temos menos de 10% do portfólio exposto a serviços, ou seja, mais dependente da geração de empregos e da manutenção da renda.


Aproveitamos a oportunidade para reafirmar que nosso horizonte de investimentos é de longo prazo. Sendo um país “emergente”, já somos precificados de forma mais conservadora pelo mercado ou, dito de outra forma, somos baratos. Mas as boas empresas nas quais investimos são sobreviventes aos 14 anos de governo PT. Hoje se encontram em situação financeira bastante saudável, com endividamento líquido baixo e boa vantagem competitiva. Estaremos com as atenções todas redobradas aos primeiros sinais de improbidade, de má governança corporativa ou de abuso contra a ordem econômica, com a tranquilidade de que na Casa Legislativa encontramos hoje uma composição mais “capitalista” e com a preocupação de que o ativismo judiciário possa municiar o executivo com suas medidas cada vez mais heterodoxas e comprometedoras da nossa ordem institucional.


Boa sorte a todos nós nessa próxima etapa.




Alocação setorial - GTI Nimrod FIA


Atenciosamente,

André Gordon.

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