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Carta do Gestor - Novembro de 2024.

Foto do escritor: André GordonAndré Gordon

Prezados cotistas,

 

O mês de Novembro foi marcado por uma acomodação das expectativas nos EUA quanto ao futuro Governo Trump, conforme foram indicados alguns dos nomes que farão parte da sua equipe de Governo. Em paralelo, o FED, em linha com as expectativas de Wall Street, reduziu a Taxa Básica de Juros nos EUA para 4,75%. As Bolsas Norte-Americanas tiveram mais um mês de forte alta, com o S&P 500 subindo 5,7% e o Nasdaq 2,5%. O IBOVESPA encerrou o mês com queda de 3,1% enquanto nossos Fundos tiveram uma boa geração de alfa, com quedas para o GTI DIMONA e GTI HAIFA de 0,57% e 0,85%, respectivamente, enquanto o GTI NIMROD teve leve alta, de 0,29%. O Dólar se valorizou 1,7% em relação a cesta de moedas e 3,2% em relação ao Real.  


O petróleo recuou ao longo do mês, conforme as tensões nos dois principais conflitos mundiais foram perdendo força para possíveis negociações de cessar-fogo. E se no conflito entre Rússia e Ucrânia parece ainda haver muita disposição por parte da Ucrânia em repelir a Nação Agressora, essa mesma disposição não se verifica no Oriente Médio. O Hamas se encontra praticamente inoperante enquanto o Hezbollah, segue com capacidade para lançamento de foguetes contra Israel, mas sofrendo golpes muito duros, tanto contra sua capacidade organizacional, quanto sua estrutura física. Mesmo o Irã sofreu perdas importantes de forma que, aparentemente, reduziu o suprimento de armas tanto para a Rússia quanto para o Hezbollah. E todas essas Nações e Grupos agressores sabem que, após o dia 20/01/25, quando o Governo nos Estados Unidos for o de Donald Trump, as coisas tendem a ser diferentes, com menos tolerância em relação aos “Inimigos da América”.


A China segue sendo tímida com seus anúncios de medidas fiscais e monetárias buscando induzir sua atividade para um crescimento de 5% ao ano. O principal índice de commodities terminou o mês perto da estabilidade, apesar da queda do petróleo.

No Brasil, o comportamento negativo dos mercados refletiu ações exclusivamente domésticas. Aparentemente, o nosso País é um recordista em não deixar de perder oportunidades para o seu desenvolvimento. Se o ideal para sair da crise fosse fazer 10, mas com 8 estaria bom e mesmo com 6 se poderia superar os problemas, o nosso Governo prometeria apenas 5, mas que após um escrutínio se mostraria mais perto de 3 e, no final das contas, existiria o risco de se entregar apenas 2, o que provavelmente se confirmaria após o fim do ciclo.


O Governo “cozinhou” o mercado em relação ao anúncio do tanto esperado quanto necessário “Pacote Fiscal”, que supostamente contemplaria cortes de despesas do Poder Executivo, principalmente. Lembramos que neste ano de 2024 a atividade crescerá acima de 3%, superando em muito as expectativas em 2023 enquanto a arrecadação em 2024 cresceu ainda mais, 9,5%, em termos reais. Ainda assim, nosso Governo conseguiu expandir os gastos acima deste patamar, levando a Dívida Bruta do Governo a ultrapassar os R$ 9 trilhões ou 78,6% do PIB. Ao longo do mês, o Governo primeiro havia sinalizado um novo bloqueio de gastos, principalmente em função do crescimento das Despesas com a Previdência, acima do orçado. A especulação do Mercado era que o corte de Gastos ficaria próximo a R$ 70 bi para o biênio 2025/26.


O Ministro Haddad foi escalado para comunicar ao Mercado. Alguém que chegasse de outro planeta, ao ouvir o discurso do Ministro, acreditaria ser aqui a Suíça dos Trópicos. Difícil seria explicar o porquê da necessidade de um ajuste fiscal diante de tanta prosperidade.


Mas deixando de lado as ironias, o pacote anunciado contemplou uma redução potencial de despesas em torno de R$ 30,6 bi para 2025 e de R$ 41,3 bi para 2026. Deste montante, R$ 12 bi viriam de menor reajuste de salário-mínimo, R$ 10 bi em redução no FUNDEB, R$ 14 bi em redução das emendas parlamentares, R$ 7 bi em DRU, R$ 5 bi em Bolsa Família, mais R$ 5 bi em redução de fraudes e mais outras rubricas, entre as quais, R$ 2 bi vindas de alterações no Regime Previdenciário dos Militares. Como podemos notar, o pacote de cortes de despesas afeta muitos, mas muito pouco o Poder Executivo. Fora isso, os valores de algumas das rubricas pareceram superestimar o potencial de redução de gastos. Mas tivesse anunciado apenas isso, teria sido mais um dia sem grandes novidades por aqui.


Ocorre que junto com esse anúncio modesto, algum “gênio” do marketing resolveu anunciar uma “minirreforma tributária”, daquelas que há anos tramitam sem sucesso nas casas legislativas, contemplando, por um lado, a isenção de Imposto de Renda para quem recebe menos do que R$ 5.000 e, para custear esses R$ 50/55 bi de arrecadação a menos, a cobrança de IR adicional sobre aqueles com renda mensal superior a R$50 mil, os “super ricos”, segundo definições vigentes no momento. Para compor esta renda, seriam somados aos salários as rendas oriundas de produtos isentos (LCI, LCA etc) e dividendos. Os Presidentes das Casas Legislativas, rapidamente, se comprometeram a votar com agilidade a redução de despesas, mas, elegantemente, sinalizaram engavetar a reforma inoportuna.


Diante dessa dissonância cognitiva que paira sobre Brasília, assistimos o Dólar fechar em patamar recorde e as taxas de juros ao longo da curva subirem em torno de 100 pontos, superando os 14% ao ano. Apenas como recordação, esse patamar era de 12,5% ao final do primeiro semestre e de 10,5% no início deste ano!!! Resumiria da seguinte forma: em alguns países, uma crise econômica costuma implicar numa crise financeira. Já o atual Governo, apesar de ter encontrado a casa relativamente em ordem e ter colhido bons frutos do Mercado de Trabalho e da Atividade, com a inflação relativamente comportada, está tendo sucesso em criar uma crise de confiança que, se não for corrigida a tempo, nos levará a uma crise econômica.


Nós na GTI temos preferido acreditar naquilo que o Governo disse que faria e que, ninguém seja injusto, estão seguindo à risca as propostas eleitorais. É um Governo Populista e que prima por gastar e gastar mal. Poucos investimentos, muito assistencialismo. Indexação das despesas com salários (consequentemente as Previdenciárias) ao PIB do ano anterior, sem levar em conta a existência ou não de ganhos de produtividade do trabalho, fortalecimento dos sindicatos e intervenção na gestão das Empresas Estatais e até nas Grandes Empresas do país (dirigismo econômico).


Felizmente o Banco Central é independente e terá a missão, agora mais complexa, de ancorar as expectativas de inflação à meta. O custo hoje será maior do que aquele há poucos meses. Nosso portfólio segue investido em empresas com receitas dolarizadas (exportadoras), Empresas com fluxo de caixa positivo, Empresas voltadas a setores de consumo menos discricionário e utilities. Essa alocação nos levou a uma geração de alfa entre 2,5% e 3,4% em nossos Fundos, o Nimrod um pouco maior por ter maior alocação em commodities e menor exposição as small caps.


Os destaques ficaram por conta das ações da Gerdau, com alta de 12,6%, Brava, de 17,1% e Pague Menos, de 18,8%. As maiores quedas foram Lojas Renner, que perdeu 18,9% de seu valor e Vale, com queda de 5,3%.



Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

 

Atenciosamente,

André Gordon.

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