Prezados cotistas,
Em Fevereiro o S&P 500, o Nasdaq e o Dow Jones caíram respectivamente 1,42%, 2,76% e 1,58%, enquanto nossos Fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD tiveram quedas de 4,94%, 5,11% e 5% e o IBOVESPA caiu 2,64%. O Dólar perdeu 0,70% em relação a cesta de moedas e o Real, por sua vez, perdeu 0,69% em relação ao Dólar. Essa desvalorização do Dólar seguiu o fechamento das taxas de juros nos Treasuries ao longo da curva. O vencimento de 2 anos rompeu o nível de 4%, fechando a 3,98% enquanto o de 10 anos fechou em 4,21%. Os vencimentos longos com taxas inferiores à Taxa Básica, hoje em 4,50% costumam ser sinais de uma possível recessão à frente. Os Mercados voltaram a precificar ao longo deste ano de 2025, 3 cortes de 25 pontos na Taxa Básica.
Os resultados divulgados ao longo do mês indicaram a atividade econômica bastante resiliente, com o PIB do quarto trimestre anualizado tendo crescido 2,3%. Observamos, entretanto, uma queda nas vendas do varejo de Janeiro que apesar dos efeitos sazonais foi maior do que a esperada. Também houve quedas nos índices de confiança e outros indicadores antecedentes que apesar do desemprego menor, trouxeram ao debate o tema da desaceleração mais forte. A inflação continua significativamente superior ao desejado pelo FED com o núcleo do CPI rodando a 3,3% ao ano. Não podemos desconsiderar os efeitos da incerteza que permeia o ambiente de negócios por conta das novas tarifas retaliatórias que estão sendo anunciadas pela Administração Trump. Por hora, ainda não há como saber o que será de fato efetivo e permanente e o que está sendo anunciado apenas como forma de pressão às demais Nações em busca de relações mais equilibradas em termos de alíquotas. Há sempre o temor de que a elevação geral de alíquotas poderia levar o Mundo como um todo a uma desaceleração na atividade por conta da redução do comércio.
No Brasil, os sinais de desaceleração começam a se intensificar e isso levou os mercados a revisarem a trajetória de alta para a Taxa Selic. A elevação de 1% para a reunião de Março é dada como certa, porém as elevações subsequentes certamente foram revisadas para baixo. Compartilhamos desta visão de que, possivelmente, teremos em Maio um último movimento de ajuste mais “fino” para o encerramento deste ciclo de alta, provavelmente ente 14,5% e 15%. Obviamente é imprescindível que a Fazenda acene com alguma Disciplina Fiscal. Sinais contrários por parte do Poder Executivo poderão trazer à luz, novamente, o receio quanto a dominância fiscal que foi tema de grande preocupação nos meses finais de 2024.
Apesar dos anúncios frequentes do Governo quanto ao seu comprometimento com as Contas Públicas, na prática as ações têm sido muito insuficientes. A atrasada Reforma Ministerial tem sido ineficaz nesse sentido. A indicação de Gleisi Hoffman para assumir a Secretaria das Relações Institucionais e a cogitação de convidar Guilherme Boulus para se juntar à Equipe Ministerial são sinais que vão de encontro ao discurso mais fiscalista já que ambos são da ala mais radical da esquerda. A popularidade do Governo e do próprio Presidente Lula estão nos menores patamares de sua história, o que tem provocado a temática do “desembarque” dos Ministros do chamado “Centrão” do Governo. A perda de apoio de parte deste grupo fragilizará ainda mais a base congressual do Governo, afetando a sua popularidade, ameaçando sua reeleição ou a de seu indicado e levando ao risco de uma guinada ainda mais para a esquerda de seu Governo.
Olhando por uma perspectiva mais otimista, faltam 22 meses para o final deste Governo e seriam grandes as chances da volta de um Governo de orientação mais ortodoxa, dando continuidade ao ciclo iniciado após o impeachment da Presidente Dilma, no Governo Temer e seguido pelo Governo Bolsonaro.
Seguimos mais Investidos em setores que tem defesas naturais contra o risco de uma guinada maior ao descontrole fiscal, principalmente com Exposição em Exportadoras por um lado e Empresas com receitas mais estáveis e consumo menos discricionário do outro. Nesse mês tão negativo, os maiores detratores de performance foram as ações da Brava, Suzano, Renner e Camil. Brava caiu principalmente pela queda no preço do petróleo, enquanto a Suzano ainda seguiu a queda do Dólar.
A Camil apresentou resultado trimestral fraco, já esperado, mas acreditamos que a magnitude desproporcional na queda de preços das ações nos últimos meses se deve mais a incerteza quanto a recuperação de margens pela Empresa. Historicamente apresentava margem operacional consolidada bastante estável, ao redor de 9%, e com a promessa de subir até 11%, com maturação das novas unidades de café, massas e biscoitos. Hoje o Mercado trabalha com variância nesta margem, podendo ser tão baixa quanto 6%. Ainda é muito cedo pera que coloquemos um histórico tão longo com margens estáveis por conta de um ciclo específico no mercado de arroz e um cenário mais apertado nas margens de açúcar.
Quanto a Renner, resultados muito bons, mas abaixo do esperado, além de um PLR muito superior ao do ano anterior foram questionados pelo Mercado com uma eventual piora na Governança. Aparentemente essa maior participação nos lucros recompensou métricas operacionais previamente acordadas e contemplou toda a estrutura da empresa. Aproveitamos para elevar marginalmente as posições tanto de Renner quanto de Camil. A maior contribuidora de desempenho foi a SLC Agrícola, empresa dolarizada e que reagiu bem a recuperação no preço do milho e perspectivas mais positivas para a safra de grãos que começa a ser colhida.

Alocação Setorial - GTI Dimona Brasil FIA
Atenciosamente,
André Gordon