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Carta do Gestor - Dezembro de 2023

Prezados cotistas,


No mês de dezembro tivemos os mercados novamente bastante positivos. O S&P 500 subiu 4,7% e o Nasdaq 5,96%. O Ibovespa acompanhou esse movimento, com alta de 5,4%. Nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD tiveram altas de 8,8%, 8,7% e 8,8%, respectivamente. O dólar teve depreciação de mais 2,2% em relação a cesta de moeda, mas de apenas 1,3% em relação ao Real.


Neste mês, não apenas foram dissipados os riscos quanto a uma nova elevação na taxa básica de juros norte-americana, mas o mercado antecipou do segundo semestre de 2024 para o primeiro trimestre de 2024, a possibilidade de se iniciar o ciclo de cortes, já considerando ao menos um corte por trimestre. Uma mudança substantiva no discurso dos membros do FOMC (Comitê Federal do Open Market), amparada por números de inflação mais comportados, principalmente o deflator do PIB.


Neste ambiente, indicadores de inflação perderam força, mas o mercado de trabalho e a atividade em patamares ainda positivos tem sido o motor para o forte desempenho das Bolsas. A rentabilidade dos títulos de 10 anos do tesouro norte-americano caiu novamente, para abaixo dos 4% ao ano.


No Brasil, os indicadores de inflação seguem em linha com as expectativas e tudo nos leva a crer que o IPCA de 2023 ficará próximo da margem superior da meta, de 4,75%. Levando-se em conta as expectativas de início de ano, podemos considerar que o BCB conseguiu um belo trabalho no sentido de preservar a credibilidade das metas. Neste momento, as expectativas para a inflação dos próximos 2 anos continuam convergindo para as respectivas metas, ainda que a inflação esperada para 2025 esteja acima daquela esperada para este ano. Conforme a composição da diretoria do BCB siga convergindo para um perfil menos ortodoxo, caberá aos seus diretores a sinalização de que o compromisso em relação ao regime de metas será mantido e de forma independente.


Qualquer desconfiança em relação a este compromisso tende a cobrar um alto preço, com risco de abertura nas taxas longas de juros e pressão sobre a taxa de câmbio. Como os dados da atividade estão bastante longe de serem considerados inspiradores, há um consenso de que há espaço para cortes adicionais da taxa Selic ao longo do ano, devendo encerrar 2024 entre 9,25% e 9,5%.


Os destaques de desempenho neste mês foram: Companhia Brasileira de Alumínio, alta de 23% nas ações, após a oferta de ações e recuperação de preços do Alumínio. Banco Itaú, bons resultados e melhora na inadimplência. Pão de Açúcar, recuperação de 21% nos preços das ações, mesmo após anúncio de uma oferta de ações bastante significativa. A perspectiva de entrada de caixa referente à venda de ativos e a oferta de ações, reduzirão significativamente o endividamento da companhia. O sucesso da oferta tende a diluir ainda mais o controle do Cassino sobre a empresa, abrindo a oportunidade para uma gestão mais focada na recuperação operacional da empresa no Brasil.


Somente as ações da Espaço Laser tiveram queda ao longo de dezembro, de 8,3%, mas com impacto marginal no fundo, diante de seu tamanho reduzido, de apenas 0,6%. A empresa segue tentando rolar sua dívida de curto prazo, bastante relevante. A geração de caixa segue se recuperando, mas entendemos que uma empresa de serviços, com poucos ativos e num mercado com forte concorrência deveria reduzir este endividamento para menos de uma vez a geração anual de caixa.


Encerramos o ano com retorno superior a 20% e com a maioria dos ativos do fundo se mostrando ainda em patamar de preços bastante atrativo, tanto nas empresas de commodities, que seguem negociando com múltiplos bem baixos quanto nas empresas voltadas mais a atividade doméstica, que tendem a se beneficiar com a continuidade de queda nas taxas de juros.

 

Será um ano difícil, do ponto de vida econômico, com a atividade perdendo força em função do aperto monetário e com o nosso problema fiscal, que devido ao perfil do atual governo se tornou crônico, ocupando o protagonismo dentre as preocupações. Não há sinais relevantes de que o governo buscará cortar despesas, mas sim procurar novas fontes de arrecadação, o que tende a trazer frustrações para a Receita, uma vez que em diversas situações há corrosão da base a qual se pretende atacar tributariamente. 


Este quadro atual não é novidade. Ao longo das três últimas décadas, ele foi predominante. As exceções nestes anos foram naqueles anos onde o Estado resolveu atrapalhar menos a vida dos Empresários e das Famílias, cortando na carne e ajudando a reduzir burocracia, na virada do milênio após a crise cambial e no período pós- impeachment da Presidente Dilma, até a terceira eleição do Presidente Lula. Aprendemos com os erros do passado a ter maior cautela diante do protagonismo dos heterodoxos.


Não pretendemos desafiar a criatividade deles e nem duvidar da sua capacidade de sugerir e até ter sucesso em implementar algumas destas heresias econômicas. Dito isso, seguiremos atrás de ótimas empresas, em setores que continuarão se desenvolvendo e/ou onde temos inequívoca vantagem competitiva. Empresas que serão as vencedoras em seus segmentos e, mesmo diante das adversidades, tendem a tomar o mercado de seus concorrentes mais fragilizados. As oportunidades estão aí e o Brasil seguirá ocupando seu espaço, apesar de nossa classe política parecer querer nos privar de um futuro mais promissor.

 

Obrigado pela sua confiança ao longo de 2023 e um excelente 2024 para todos nós!!!




Alocação setorial - GTI Dimona Brasil FIA

 

Atenciosamente,

André Gordon.

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