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Foto do escritorAndré Gordon

Carta do Gestor - Agosto de 2022

Prezados cotistas,


Em agosto, os mercados globais foram bastante afetados pela perspectiva de um ajuste mais forte na taxa básica de juros nos Estados Unidos, uma vez que os indicadores de inflação ainda seguem subindo e se aproximando de dois dígitos ao ano. Diante da perspectiva de a taxa básica chegar aos 4%, os títulos do tesouro americano tiveram forte alta, com o de 10 anos chegando a 3,15%. O dólar valorizou-se diante a cesta de moedas, com destaque para a depreciação de 4,6% da Libra esterlina e 4,2% do Iene.


Os mercados no Brasil tiveram comportamento descolado, com o Real fechando o mês próximo à estabilidade e o IBOVESPA tendo subido 6,2%. Nossos fundos tiveram bom desempenho com o GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD fechando com altas de 8,2%, 8% e 7,9% respectivamente.


Contribuíram para este desempenho a deflação recorde de julho, de -0,68% e o IPCA-15 de agosto de -0,73%, levando os mercados a trabalhar com o cenário de final de ciclo de elevação da Selic, principalmente por conta da queda de preços de combustível e energia. O mercado de trabalho segue forte, com geração líquida superior a 200 mil novos postos por mês e o desemprego fechou julho em 9,1%. O PIB do segundo trimestre subiu 3,2% em relação ao ano passado, acima das expectativas. A qualidade deste crescimento também merece destaque, com o setor público reduzindo sua participação enquanto o setor privado vai ocupando esse espaço. A maioria dos indicadores de confiança seguem em ascensão, indicando que, apesar do aperto monetário e que tende a enfraquecer a demanda por crédito, os investimentos de mais longo prazo fazem com que a resultante seja positiva. Pela nona semana consecutiva, os analistas revisaram para cima suas expectativas sobre o produto e para baixo aquelas relacionadas à inflação (Focus).


Por fim, não podemos deixar de comentar que, segundo alguns institutos de pesquisa mais independentes, as intenções de voto para o atual presidente crescem paulatinamente enquanto Lula perde pontos. Em pelo menos 3 institutos, Bolsonaro já lidera a corrida no primeiro turno. Acreditamos que a vitória de Bolsonaro e a consequente continuidade do atual governo reduzem bastante os eventuais riscos de mudanças de políticas econômicas. Políticas estas que vem apresentando bons resultados.


O grande destaque do mês ficou por conta das ações da Petrobrás, nossa maior posição, e que subiu 18,8%. A empresa anunciou dividendos recordes, distribuindo mais de R$ 80 bi ou um quinto de seu valor de mercado. A dívida financeira líquida, que ultrapassou os USD 100 bi no governo Dilma, chegou próximo a USD 10 bi no 2Q22, de forma que essa distribuição não compromete os projetos da empresa e preserva uma estrutura de capital mais adequada. A queda nos preços dos combustíveis também tende a diminuir as pressões diversas sobre a empresa e reduzem risco de interferências políticas.


Outro destaque de nosso portfólio foram as ações da rede varejista Pão de Açúcar, que subiram 29,4%. O grupo Cassino tem em torno de 2 anos para pagar suas dívidas dentro do acordo de recuperação judicial e, para tal, deve se desfazer de alguns ativos. O spin-off e/ou a venda do grupo Êxito, na Colômbia, parece estar nos planos de curto prazo. Para nós, tanto o spin-off quanto a venda devem ajudar a destravar muito valor. Também foi anunciada a antecipação de R$ 1,7 bi dos recebíveis do ASAI. Esta antecipação somada ao que ainda restará a ser pago era correspondente a 60% do valor de mercado do próprio Pão de Açúcar. Mesmo sendo um valor substancial, alguns analistas pareciam ignorar e, agora com o evento da antecipação, parecem considerar este ativo. Por fim, também parece fazer sentido que o ex-controlador, Abílio Diniz, volte a assumir a operação do Brasil.


O mercado doméstico tende a continuar descolado dos principais mercados. Aqui, encerramos o aperto monetário e a economia apresenta bons números, enquanto nos EUA ainda há incerteza quanto ao nível de aperto que se fará necessário, assim como seu efeito sobre a atividade. A guerra entre Rússia e Ucrânia completou 6 meses, levando a Rússia a uma estabilização em suas posições enquanto a Ucrânia logrou êxito em diversos contra-ataques. Percebemos algum tipo de risco de ataque da Rússia às instalações nucleares ucranianas, risco esse que vem sendo utilizado para dissuasão. Aproveitando o momento delicado em termos geopolíticos, a senadora democrata, Nancy Pelosi, resolveu visitar a ilha de Taiwan. Depois de quase 3 décadas sem que altos escalões norte-americanos visitassem a ilha, a visita da terceira pessoa na linha sucessória provocou protestos e exercícios militares por parte dos chineses. Não acreditamos que tais eventos possam evoluir negativamente, mas sabemos que brincar com fogo próximos a um paiol não costuma ser uma boa ideia.


Por fim, o nível de preço dos ativos brasileiros está bastante atrativo, seja por conta dos juros elevados, seja por conta destes riscos geopolíticos acima apontados ou ainda pelo risco de descontinuidade que poderia acontecer em caso de vitória do candidato do PT. Com a dinâmica inflacionária mais benigna, a curva longa de juros deve continuar cedendo, levando a forte apreciação dos nossos ativos. A maioria das empresas está com ótima saúde financeira e forte geração de caixa. Diante dos sinais de que a trajetória de recuperação macroeconômica, iniciada ainda no governo Temer, não sofrerá um golpe com a vitória do PT, essa alta tende a ser antecipada e potencializada.

Que os bons ventos possam soprar sobre nossa terra...



Alocação setorial - GTI Nimrod FIA


Atenciosamente,

André Gordon.

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