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Carta do Gestor - Abril de 2023

Prezados cotistas,


No mês de abril, o S&P 500 subiu 1,5% enquanto o Nasdaq 0,5%. O Ibovespa subiu 2,5% enquanto os nossos fundos GTI DIMONA, GTI HAIFA e GTI NIMROD tiveram altas de 0,85%, 1,2% e 0,40%, respectivamente.


A valorização da bolsa, ao longo do mês, não chegou a ser convincente. Infelizmente, estamos constatando que mais uma oportunidade parece estar sendo desperdiçada pelos nossos representantes. Se antes havia ainda qualquer dúvida, a cada dia fica mais claro que o atual governo não tinha projetos que pudessem dar continuidade aos avanços obtidos nos anos anteriores. Todos os esforços vão de encontro às políticas formuladas nos governos Temer e Bolsonaro. Verdade seja dita, Lula não escondeu essa agenda durante a campanha.


Em diversas oportunidades ele se mostrou contra o arcabouço fiscal, contra a independência do BCB, contra a redução de alíquotas de impostos, contra o ingresso do Brasil na OCDE, contra as privatizações e, de forma geral, contra a livre iniciativa de forma mais ampla. Parte da aliança que ajudou Lula durante as disputadas eleições, tinha como expectativa que ele deixasse a retórica de lado e fosse um pouco mais pragmático. A apresentação do arcabouço fiscal deixou claro, entretanto, que o texto tinha pouco compromisso com o ajuste fiscal. Era mais uma peça assessória, apenas para “inglês ver” do que um compromisso sério.


Nosso principal problema fiscal é função dos elevados gastos públicos, gastos estes que foram ignorados pelo Ministro Haddad. O Ministro preferiu trabalhar com o aumento das despesas em menor proporção ao eventual aumento das receitas. Sabemos, entretanto, que não podemos ou não devemos contar com os ovos antes que as galinhas os produzam!!! Creio que isso parece elementar. Pior, diversas despesas foram desconsideradas para o efeito deste cálculo fiscal. Como se não bastasse, no remoto caso de descumprimento do que teria sobrado deste novo arcabouço fiscal, não haveria nenhuma punição aos responsáveis. Bastaria uma “visita” ao Congresso Nacional para justificar os fatos.


Apesar de um ambiente relativamente benigno no ambiente externo, a realidade que ora se apresenta parece ter frustrado as expectativas e, diante de uma elevada taxa de juros, o apetite a risco segue tímido e decrescendo. A atividade econômica até apresentou alguns números melhores do que o esperado ao longo do mês, assim como houve números marginalmente menores no que se refere aos índices de preço, mas nos parecem mais dados retrospectivos do que indicadores de melhora. Estamos observando alguns sinais consistentes sobre restrições de crédito a determinados segmentos, não apenas pelo elevado nível dos juros, mas ainda sob a égide do evento “Lojas Americanas”, que tem levado a redução de operações de “risco sacado” para alguns segmentos.


O BCB precisava de algum sinal do governo para que pudesse sinalizar o início do ciclo de redução na taxa Selic, mas infelizmente não houve esse sinal. Expectativas para inflação futura se deteriorou marginalmente, tornando mais delicada a posição do BCB. E o Presidente da República e as principais lideranças de seu partido seguem atacando a figura de Roberto Campos Neto, dificultando ainda mais seu trabalho.


Os preços das ações, em sua maioria, já precificam esse conjunto negativo de notícias. Não me parece, entretanto, que o mercado coloque na conta a possibilidade de que o cenário fique tão ruim, podendo haver, eventualmente, mudanças antes do final do mandato. Apesar dos esforços, o governo não conseguiu barrar a CPI de 8/1.

Diante de imagens suspeitas e que vazaram ao público, a narrativa de “tentativa de golpe” que estava sendo utilizada para tentar descredenciar Bolsonaro para as próximas eleições perdeu forças e, se o governo Lula não encontrar boas justificativas para a atuação do GSI durante as invasões aos prédios públicos, no melhor dos cenários terá contra si um palanque montado pela oposição.


Devido aos números de inflação menores e mais um mês de enfraquecimento do dólar frente a cesta de moedas, a curva de juros se deslocou para baixo no que favoreceu segmentos de utilities e aluguéis, que foram dentre os melhores contribuintes do mês. Seguimos mais alocados em empresas ligadas a commodities por um lado e aquelas voltadas a atividade doméstica, seguimos preferindo utilities e setores menos discricionários como farmácias e supermercados.


Alocação setorial - GTI Nimrod FIA


Atenciosamente,

André Gordon.

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